Próximo de um dos últimos fins-de-semana conversa idêntica teve lugar, e disse o G.: No domingo vamos comer umas ostras ao português a Quinhamel?
Não sou, nem aprendi a ser, até agora, uma apreciadora das ostras da Guiné-Bissau. Gosto sim, muito, da canja de ostras da avó Berta. Mas só as ostras … Normalmente aqui assam-se: um bocadinho numa grelha em cima das brasas e abrem um bocadinho. As que abrem. As outras, maior parte, abrem-se à força com uma “faca” própria, com um bico curto e largo. Mas a vontade de conhecer um novo lugar tem primazia sobre qualquer apetite do estômago. Portanto, não foi movida pelas ostras que achei de imediato que aquela era uma óptima ideia.
Mais um local apaziguador na Guiné. A paisagem em Quinhamel é servida por um braço de mar, que torna a densa vegetação mais verde e brilhante. O som é quase somente o dos pássaros.
Depois das ostras, de algumas recordações e histórias contadas entusiasticamente por quem não se cruza todos os dias com quem conhece as terras dos nossos tempos de miúdos, das conversas dos amigos sobre política e futebol, com clara preferência para este último tema, é tempo de apreciar a paisagem e a calmaria.
Antes da partida, ainda apareceu na mesa um resto de uma bebida exclusiva daquela casa – o TROTIL - , uma espécie de aguardente com segredo bem guardado pelo proprietário. Afinal são duas as especialidades da casa, além das boas ostras, esta bebida exclusiva. Quase todos se fizeram rogados mas ninguém se veio embora sem, pelo menos, molhar os lábios.
Lá ao longe ainda se ouviu tocar um CD (?!?! Talvez ainda alguma cassete) da banda sonora do Roque Santeiro, novela muito apreciada na minha infância, tempo em que só havia dois canais, e no horário nobre todos víamos o mesmo programa, e o Senhor Inácio parece lamentar quando diz que há por ali um barzito, que aquela música, recordações para alguns de nós, abafa temporariamente o som dos passarinhos e das folhas que se agitavam ao toque da brisa, por cima de nós, nas árvores que nos deram a sombra e frescura de mais um dia a gravar nas memórias da Guiné.