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domingo, 27 de junho de 2010

1 DE JUNHO, DIA DA CRIANÇA

Passou quase um mês …

Os preparativos começaram vários dias antes. O dia 1 de Junho, este ano, foi numa terça-feira e na quinta-feira anterior a Maira veio dar o recado. Ia haver uma festa da criança na escola e ela tinha que levar uma forma de bolo (diz-se assim mas é na verdade um bolo feito) e três pacotes de bolachas.
- Feito!
- A que horas?
- 8H da manhã.
- Uh! (Levantar cedo não é o meu forte.)

Na segunda-feira à tarde um cheirinho bom a bolinho caseiro invadia a casa. Uma sensação tão agradável que só faz pensar porque não se fazem bolos em casa mais vezes.

Decidi que no dia seguinte iria então, não a uma, mas a duas festas do dia da criança.

À escola da Maira cheguei pouco depois das oito, com os petiscos encomendados e mais alguma coisa. Infelizmente a tradição guineense de que nada começa à hora marcada, não sendo exclusiva deste país, embora bastante acentuada por aqui, estava a ser cumprida, e por isso, esperei, esperei…
Foram chegando crianças pouco a pouco, com os saquinhos na mão, com mais petiscos para a festa. E enquanto esperava comecei por me preocupar com o facto de a escola ser à beira de uma estrada tão movimentada. Como é difícil atravessar ali. A passadeira existe mas quase não se vê, e pior, pouco a respeitam. E depois viajei… Lembrei-me da minha escola primária. Da minha professora. Chamávamos-lhe Dona Antónia. Pergunto-me se a Maira um dia irá sentir pela sua primeira professora o que sinto pela minha. Que foi quem me ensinou a ler, que me ensinou tantas mas tantas coisas, como se naqueles primeiros quatro anos de escola tivesse aprendido mais de metade do que faz verdadeiramente falta aprender na vida. Nesse dia viajei até à minha sala de aula, até à minha escola primária. E pensei não só no que aprendi mas também nas nossas festinhas da escola. No dia da criança, no dia da árvore. Nesse dia cada turma plantava sempre uma árvore. A festa que antecedia as férias do Natal, com troca de prendas. E no final do ano graças à Dona Antónia tínhamos sempre pelo menos uma visita de estudo. Penso que a ela devo a forma como encarei a escola o resto da vida.
No meio destas recordações chega finalmente a Maira, com o seu penteado novo que tinha demorado horas a fazer, no fim-de-semana anterior, a pensar, precisamente nesta festa. Passou mais de uma hora desde que ali cheguei e pelos vistos ainda nem metade das crianças da escola tinha chegado, nem os professores. Deixo-a com a promessa de voltar pois parece que a festa vai continuar atrasada por mais algum tempo.

A segunda festa a que decidi ir tinha lugar na escola da Carlita. A Carlita é a beleza e simpatia que está nesta foto. É filha da Idelzita (de quem falarei outro dia) que é irmã da Nené.
Anda na pré-primária de uma escola que faz parte do Projecto Misericórdia e Socorro da Igreja Evangélica de Belém. Quando a conheci o que mais queria era poder ir para a escolinha. Depois de estar na escolinha, diz-me a mãe que por vezes faz birra e não quer ir. Mas não quando é festa. Neste dia lá estava ela e os colegas. Todos muito animados apesar de a festa por aqueles lados também estar atrasada. No entanto esta festa ia durar todo o dia e por isso a comida, em quantidade, estava a ser preparada numa casa vizinha. Pelo tamanho das panelas adivinhava-se uma grande festa.
Ainda nessa escola da Carlita a dada altura passei numa das salas e as crianças gritavam felizes “1 de Junho, dia da criança, 1 de Junho, dia da criança” (um vídeo que, porque a net não ajuda ou as habilidades informáticas são demais, não consegui colocar aqui), e quando as vi assim pareciam os seres mais felizes da terra. Uma alegria tão grande que era impossível não ficar contagiada.

Volto a passar na escola da Maira e agora está quase quase tudo pronto. Faltam “os quase” e por isso, com mais de metade da manhã passada, regresso ao meu trabalho. Passo o resto do tempo num misto da alegria infantil que me pegaram e de preocupações de adultos mas que é incomparavelmente melhor do que só as habituais preocupações.