Em Bissau, poucas pessoas festejam o Natal, poucas pessoas seguem as tradições a que me habituei em todos os Natais da minha vida. E as melhores tradições, não só para as crianças mas sobretudo para elas, são os doces e as prendas. E em Bissau poucas crianças recebem prendas de Natal ou comem doces.
Ao longo dos últimos meses a Maira recebeu algumas prendas: livros, chinelos, mochila, cadernos. E os meninos da sua tabanca miravam com olhares de desejo as suas coisas.
Ainda havia tanta coisa lá em casa. Alguns brinquedos oferecidos por uma senhora para quem o meu pai trabalhou, algumas roupas compradas de tempos a tempos no Bandim e outras oferecidas pela mãe, pela Lena e aqui e ali. Tudo à espera de dias destes.
Uns dias antes, numa das vezes que fui levar a Maira, recolhi os dados, nomes e idades das crianças daquela tabanca. Poderia faltar um ou outro mas ao fim de um bocado a lista continha 12 meninos com idades entre o 1 ano e os 12 anos e 31 meninas, sendo que as últimas sete já eram crescidinhas, entre os 16 e os 19 anos, e até a Amélia de 23 anos, mãe da Sandira de 5 meses teve lugar na lista, pois estas ajudaram a preenchê-la.
Organizei o lanche, bolos, bolachas e sumos. A primeira parte uma excitação com alguma facilidade de gerir. Tudo muito ansioso por receber um saquinho com o seu nome, e até se aguentaram calmos à volta da mesa onde era preparado o lanche. Tudo a postos e os saquinhos foram sendo distribuídos à volta da mesa, chamando os nomes das crianças. A exaltação aumentava. As outras crianças queriam agarrar a prenda das que iam recebendo, e por isso cada uma que recebia agarrava a sua prendinha contra si sem a retirar do saco. No final da distribuição das prendas, a distribuição do lanche, que primeiro decorreu de forma quase ordeira, com direito a fila e tudo, mas rapidamente a confusão se instalou e tudo desapareceu num abrir e fechar de olhos.
No final quando sobrava um pacote de bolachas a imagem era esta: mais mãos estendidas do que bolachas para dar.
Foi a festa de Natal possível para crianças que sabem muito pouco do Natal mas que sentiram naquele dia um bocadinho daquilo que muitas crianças sentem no dia de Natal: felicidade e desejo de que Natal fosse todos os dias.
Boas Festas!
6 comentários:
Que lindo Ana!
E que saudades...
Parabéns pela iniciativa!
Um beijinho
oLÁ Ana Claúdia.
Gostei da nobre iniciativa.
Votos de um Bom Natal e um 2010 pleno de alegrias.
A R
Tão Especial!!Tão preciso!!!
Estou emocionada e cheinha de saudades por não estar aí.
UM FELIZ NATAL e um 2010 pleno de Felicidade para si e todos os que está a apoiar.
Beijinho grande.:)
Um Grande Feliz Natal.
Portugal
Ser feliz não é conseguir o que se deseja, é desejar o que já possui.
Feliz de quem têm esse dom, de presentear os outros sem esperar nada em troca.
Parabéns, Ana
Joel Fonse-ka
Ser feliz não é conseguir o que se deseja, é desejar o que já possui.
Feliz de quem têm esse dom, de presentear os outros sem esperar nada em troca.
Parabéns, Ana
Joel Fonse-ka
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