Powered By Blogger

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Boas Festas

Em tempo de festa o silêncio não é de oiro. As últimas semanas foram agitadas. Mas também não é tempo de pensar em tristezas.

É tempo de desejar Boas Festas a todos. E sobretudo de desejar que 2009 seja um ano melhor para todos e em especial para a Guiné- Bissau.

Porque o Natal é das crianças, aqui ficam uns rostos de esperança.

domingo, 23 de novembro de 2008

FOTORREPORTAGEM

Há mais reportagens do que a maioria das que tivemos que ver e ouvir hoje.
Esta vale a pena:

http://static.publico.clix.pt/docs/mundo/guinebissau2008/

Claro que não se apaga o que aconteceu hoje mas podemos e devemos olhar em frente.

Coragem Genti di Guiné.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

RUAS DAS FLORES

Uns dias antes do dia 2 de Novembro era assim por várias ruas da Guiné. Flores de papel de todas as cores. Dia 2 de Novembro é o dia dos mortos, e feriado na Guiné-Bissau.
É o dia de visitar as campas daqueles que perdemos, e como em muitos outros países é tradição levarem-se flores.
Dois dias antes, na 6ª feira, 31 de Outubro, noite das Bruxas, as chuvas deram o seu último sinal durante os próximos tempos. Parece inacreditável mas é todos os anos por volta deste dia que termina a época das chuvas. Há quem diga que assim acontece para se lavarem as campas.
Que em seguida se enchem das cores destas flores, talvez para deixar menos negro o sentimento de perda e tristeza que marca o dia.
São raras as flores na Guiné-Bissau. Porquê? Não faço ideia. Mas não há jardins de flores. Viajamos para qualquer lado e mesmo em paisagens verdejantes, onde parece que toda a flora abunda falta a cor de uma FLOR.

Para recordar e para quem tem curiosidade, os preços:
Coroa de flores – 2.000 FCFA = 3,04€
Ramo de flores – 1.000 FCFA = 1,52€

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

NIMBA, PROTECTORA DAS MULHERES

... E MUITO MAIS ARTESANATO

Mais uma das muitas coisas boas desta terra é algum do artesanato que por cá se faz. Seria bem diferente daquilo a que estava habituada a ver à venda em Portugal não fosse a globalização. É verdade. Nas fotos em baixo as 3 últimas foram tiradas numa feira anual em Loures, mas poderiam ter sido tiradas ainda em muitas outras feiras do Norte ao Sul de Portugal, em especial naquelas festas regionais e municipais que abundam pelo Verão.
E podem confundir-se com algumas bancas de venda de artesanato na Guiné-Bissau ou no Senegal. Aliás este tipo de artesanato que chega a Portugal vem do Senegal e não da Guiné. E há algumas coisas há venda por aqui que também vêm do país (es) vizinho (s).

Mas não esta peça, que não é por ser minha, mas é a Nimba mais perfeitinha que tenho visto das poucas que se vendem em Bissau.
A Nimba foi a primeira peça de artesanato que comprei no primeiro ano na Guiné. Sendo, ou muito esquisita ou pouco apreciadora não gostava de todo o artesanato e punha “defeito” em muita coisa, mas esta peça, que alguns amigos acham um tanto ou quanto “feia”, seduziu-me, primeiro sem qualquer razão aparente, e em segundo o seu simbolismo finalizou a compra.

Dizem que a Nimba é um símbolo de protecção das mulheres.

Tenho a minha fé e as minhas crenças, sinto-me melhor por acreditar que Deus me protege, que eu própria, a família e os amigos a isso ajudamos, mas em Roma sê romano, e se estes anos de Guiné têm sido abençoados a companhia da Nimba aqui por casa também pode ajudar a concretizar o que simboliza. Seja porque razão for esta é a peça mais apreciada sentimentalmente aqui por casa. E algo da Guiné-Bissau que me acompanha quase desde o início e que um dia parte comigo.


















Onde comprar artesanato na Guiné?
* Centro Artístico Juvenil na Avenida 14 de Novembro
* Avenida Amílcar Cabral, em dois pontos principais:
-Por baixo da Pensão da D. Berta
-Frente ao Nunes & Irmão / Ao lado dos Correios


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

SUPER MAMA DJOMBO

De volta à Guiné-Bissau, com a garra de sempre, a vontade de viver esta terra ao máximo, quero voltar a escrever mais sobre a terra, sobre o que se vive, acontece.
Na 6ª feira foi dia de concerto. Os Super Mama Djombo actuaram no espaço Lenox, aqui bem perto.
A Orquestra Super Mama Djombo existe há quase 40 anos mas estiveram uns anos separados e agora, de novo juntos e com alguma renovação no grupo têm um novo álbum (a juntar a pelo menos 8 já gravados): Ar Puro, gravado na Islândia.
O ambiente não é fácil de descrever e qualquer descrição ficaria aquém da sensação daqueles momentos. Toda a população vibra com as músicas que consistem essencialmente em crítica política e crítica social.
Só tenho este último álbum mas essa é umas das coisas que tem que mudar.
Para ouvir uma música das antigas
AQUI.
E mais um bocadinho
AQUI.

E um bocadinho de “Alma” (do último álbum):
Nha camarada
Nha estimado amigo

domingo, 5 de outubro de 2008

ATÉ JÁ

Desde Julho que nos andamos a despedir dos amigos (novamente). A minha passagem pela Guiné é semelhante a tantas outras. Viemos um dia para uma experiência que saberíamos que acabaria, só não saberíamos quando. Vim por 1 ano (lectivo). Como a maior parte dos cooperantes (sobretudo os ligados a projectos de educação). Apaixonamo-nos pela terra, pelos projectos, por amigos, por tanta coisa. Desejamos ficar mais tempo. E temos ficado.
Os amigos que aqui tenho feito, os mais amigos, ficarão muito para além da Guiné. É por isso que nas férias nos encontrámos, alguns casaram este Verão em Portugal e estivemos juntos nesse dia.
Custa-nos falar de despedidas e é por isso que dizemos que não é uma despedida, é um até já.
Sabemos que dificilmente voltaremos a estar juntos aqui, como temos estado, mas estaremos juntos muitas outras vezes, em outros lugares.
Os guineenses adoram esta expressão, e nós também: “estamos juntos”.
Sim, estamos.
Para todos os que mudaram de lugar, mas que deixaram saudades neste, um beijo e abraço sentido. Muitos beijos e saudades em especial para a Mónica, Liliana, Pedro, Tânia e Domingos. E claro o João.

(Dias cinzentos estes últimos em Bissau)
(Mas boas recordações das despedidas para ajudar a iluminar os dias)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

JUNHO É PASSADO

Junho foi dos meses mais difíceis dos quase quatro anos de Guiné (Julho também). Mas como sempre acontece há também coisas boas para recordar e mesmo sobre algumas menos boas é mais fácil falar.
Dir-se-ia que o Euro 2008 não foi famoso para Portugal, mas em Bissau, nas vésperas do dia 7 de Junho, dia em que começava o Euro e em que na Guiné-Bissau se assinalavam os 10 anos do início de uma guerra entre a Junta Militar e as forças leais ao então e agora Presidente Nino Vieira, os jornais transbordavam de páginas sobre o Euro, sobre o futebol, as equipas, os jogadores mas nada sobre aquele acontecimento trágico. Milhares de mortos, famílias ainda hoje afastadas, fome, dor, ninguém esqueceu. Desde então o país ainda não recuperou. Mas um jornal diário, generalista, onde a edição habitual não ultrapassa as 20 e poucas páginas, conseguia dedicar 12 dessas ao futebol e apenas meia página a uma breve notícia sobre o conflito armado.
Fora isso. Os guineenses adoram futebol e a força e amizade com que torcem pela Selecção Portuguesa enche-me a mim e muitos de alegria.

Há mais episódios desportivos onde os guineenses torcem por nós e nós por eles. Também no início de Junho decorreu o II Torneio de Tennis da Cooperação Portuguesa, em Bissau.
Para quem gosta de ir ver os jogos, a disputa entre os amigos e rivais (?! só se for mesmo na modalidade) Osvaldo e Manuel é imperdível. Encheu-me de orgulho o 8º lugar conquistado pelo Osvaldo, o melhor entre os portugueses. Mas a final do torneio entre o Peti e o Bene não fica atrás de nenhum Open do Estoril ou Roland Garros, são profissionais a sério. Pessoalmente até prefiro o Estádio Lino Correia, em Bissau, onde o ambiente de desportivismo é acolhedor e contagiante.



Menos desportivo e mais académico foi mais um momento de entrega de diplomas a licenciados na Faculdade de Direito de Bissau. E aqui estou eu e o Yasmine num dia que me emocionou ver receber os diplomas numa cerimónia pomposa àqueles que já foram meus alunos. É das melhores sensações do mundo sentir que se fez parte da formação de alguém, que ensinámos alguém, que aprendeu connosco e que aprendemos com eles. O Yasmine foi o melhor licenciado do ano dele, e em seguida foi meu assessor em duas cadeiras novas do curso, tarefa nada fácil. Foi um colega e amigo, que agora está mais afastado por excelentes motivos profissionais. Conseguiu um emprego maravilhoso e merecido que me enche a mim e a todos na faculdade e no projecto de orgulho.

Com tanta emoção, as chatices com a falta de combustível até parecem menores.
Se às vezes no conforto das nossas casas (aqui) nos esquecemos de onde estamos, a verdade é que nos devíamos lembrar mais vezes, e foi isso que aconteceu durante várias semanas. Às vezes falta a gasolina, acaba, não há à venda durante uns dias. Mas dessa vez o problema foi com o gasóleo, alguma falta mas essencialmente divergências entre as gasolineiras e o Governo – sim, aqui como em Portugal, como noutros países.
As filas intermináveis ao pé das gasolineiras eram o problema menor; ao racionar do combustível do gerador é que é difícil habituarmo-nos.
Pois é, regra geral não há luz em Bissau, luz da rede, mas por todo o lado proliferam geradores altamente poluentes e barulhentos mas que nos permitem estar por exemplo aqui, no computador. Infelizmente a dependência pelo gasóleo é muito grande.
Estar então algumas horas por dia sem luz, sem computador, sem ar condicionado, sem frigorífico, sem água, deixou-me muitas vezes triste, às vezes desesperada, mas com uma admiração cada vez maior por um povo que vive sem nada disso, dias após dia, e ainda assim sabe viver feliz.