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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

OS OLHOS AZUIS DA MEIDA, E A FATINHA

É raro mas, sim, os olhos da Meida são mesmo azuis. Também fiquei impressionada a primeira vez que vi esta menina tão negra, com os olhos tão azuis.
Comecei por conhecer a Fatinha no primeiro ano na Guiné, e um dia puxada pela mão dos seus 2 aninhos fui encontrar os outros meninos que ali viviam; afinal ao lado da estrada principal (e aqui tão perto), disfarçadas por uma ou outra casa melhores à frente, por esteiras, carros velhos e contentores, existem muitas “casas”.
A Fatinha era órfã de uma mãe que morreu, e de um pai que para ela nunca tinha vivido. O sonho da sua velha, fraca e pobre avó era que alguém desse um melhor futuro à menina. A Fatinha era a menina que se destacava entre todos os outros meninos daquela tabanca, a pele um pouco mais clara, umas expressões mais fininhas, a única com um vestido limpo, que contrastava com os meninos e meninas nus, ou só com umas cuecas ou só com uma t-shirt, roupa velha, rota, suja, com terra pelo corpo todo.
O destino da Fatinha sempre me pareceu diferente e mais sorridente do que o de todas as outras crianças. Assim foi, passado pouco tempo a Fatinha foi adoptada por um simpático casal italiano. Há duas semanas a avó e o Papa (tio) da Fatinha mostraram-me as fotografias vindas de longe, que muito me emocionaram. Hoje a Fatinha está crescida, com cerca de 5 anos, vive numa casa bonita, apaga as velas de um bolo de aniversário numa bela sala, e brinca na neve num lindo e quente fatinho próprio para a neve. Foi assim a sorte da Fatinha.
A Meida é uma ternura de menina. Também ela está crescida, passaram quase 3 anos desde aquela foto. Mas a Meida continua a viver na tabanca aqui tão perto. Sempre que a vou ver anda quase despida, descalça, cheia da terra onde passa o dia a brincar. É uma menina feliz, que não diz uma palavra de português, que reconhece a amiga nas fotos mas não compreende nada de todas aquelas coisas diferentes que rodeiam a amiguinha. Sempre que vejo a Meida, e os outros meninos lembro com saudades a Fatinha. Imagino se algum dia se irão reencontrar? Como será? Será que a Fatinha se lembra que tinha uma amiga Meida, negra de olhos azuis?

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito deste teu texto!
A Fatinha terá encontrado alguem que a ama... E isso torna uns vulgares olhos azuis em olhos ainda mais azuis e brilhantes e uns olhos escuros em olhos ainda mais escuros e brilhantes!

Anónimo disse...

olá,meu nome é sarah,sou podóloga,tec.enfermagem;gostei muito da Meida,não por ela ter os olhos azuis,mais sim pelo rostinho simpático,meu espírito simpatizou muito com o dela.Pena que para adotar uma criança é muito difícil são tantas burocracias que quando se consegue a adoção a criança continua vivendo uma vida precária.Ana gostaria que me mandasse noticias,fotos e assuntos sobre ela.Gostaria muito de adotá-la mais como já lhe disse são muitas as burocracias,Sou do Brasil,Rio de Janeiro,escreva-me mende-me e-mails,entre em contato por favor(saratsunamum@gmail.com)Vou criar um blogger é mais seguro,assim que estiver pronto lhe comunicarei,por enquanto é só através do email.Um abraço da sua amiga "acho que posso lhe chamar assim de amiga"
Sarah