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quinta-feira, 21 de maio de 2009

DAVID E DANIEL, OS GÉMEOS DA NATÁLIA

Nasceram no dia 22 de Março de 2005. Estávamos nas férias escolares da Páscoa e eu fui a única da minha equipa de trabalho a ficar em Bissau (ou a não ir a Portugal). Por opção, leia-se (iria dali a uns dias passear para o Senegal).

Vieram chamar-me ao bairro porque a Natália (empregada do Dr.) tinha ido para a maternidade e os meninos tinham nascido. Foi a primeira vez que fui à maternidade do Hospital Simão Mendes e era esta a história que prometi contar quando aqui há umas semanas recomendei a reportagem
DAR VIDA SEM MORRER.

Logo à entrada pessoas deitadas e sentadas no chão do corredor. Pedidas informações, cheguei ao quarto onde estava a Natália. Na cama dela repousava um bebé muito muito pequenino, envolto em panos, não de algodão, nem de nada que parecesse macio. Pesava afinal pouco mais que 1 Kg. E o outro? Estava na incubadora, na pediatria, um edifício na parte mais traseira do Hospital (na altura). Iria vê-lo quando saísse dali.

A Natália estava fraca, muito cansada, resultado de ter perdido muito sangue no parto, e acabou por ficar com uma anemia. Mas noutra cama da mesma divisão uma mulher parecia ter um sofrimento maior, e não tinha um bebé ao seu lado. Tinha perdido a criança. Situação afinal tão comum.

Queria sair dali. Não havia alegria como outras as vezes que tinha ido a uma maternidade visitar uma mãe e o seu bebé. Não havia higiene, flores ou prendas.

Saí daquele edifício a achar que era o segundo local que cheirava mais mal de todos os locais onde tinha estado (o primeiro era o interior do Bandim).

Se a primeira impressão era até aqui péssima, nada me tinha preparado para o que vi a seguir. Na pediatria pedi para ver o bebé, filho da Sr.ª Natália, que estava na incubadora. Havia duas incubadoras encostadas a uma parede no grande hall à entrada, mas aqueles “buraquinhos” das incubadoras, que deviam ter uma espécie de mangas, não tinham nada, estavam só assim, um bebé em cada caixa de plástico com dois buracos, sem qualquer ligação a nada. Ninguém repararia durante horas se algum deles deixasse de respirar.

A enfermeira mostrou-me o bebé e perguntei o que tinha para estar ali (para além de pesar cerca de 900 gramas). Disse-me que era uma hemorragia mas que ia ficar bem. Para o provar levantou a tampa, retirou o bebé, segurou-o só com uma mão pela barriga, virou-o de costas e afastou uma fralda de pano mal colocada, e à medida que puxava a fralda o sangue seco ia-se despegando ou da pele ou da fralda. Do ponto de vista humano nunca vi nada tão nojento.

Durante umas horas não achei que fosse capaz de voltar ao Hospital, mas enchi-me de coragem e à tarde lá estava de novo. Depois de umas paragens na farmácia e no Sr. Amido (a melhor loja de crianças mesmo no coração do Bandim) seguiram-se uma discussão com um médico que se recusou a ir ver a Natália, quando esta não tinha força nem para levantar um braço, e outra com uma enfermeira pouco disponível para fazer um teste de paludismo e cujo único interesse era saber quem pagaria o teste.

Passadas as maiores atribulações, as minhas dúvidas começaram a concentrar-se em coisas mais importantes.

Como se chamariam os bebés? Ainda não tinham nomes. E também não tinham enxoval. Tudo aquilo que seria normal no meu país era que a pré-mamã comprasse o enxoval e pensasse e tentasse convencer o papá dos nomes a dar ao rebento.

Na Guiné não se pensa em nomes para o bebé que ainda não nasceu (raramente) e nunca se compra enxoval. A principal razão é a incerteza de que o bebé sobreviva ao parto ou aos primeiros dias. No que diz respeito ao enxoval também há uma questão económica.

Pergunta da Natália: se tivesses filhos como lhes chamarias? E assim dei os nomes aos bebés da Natália: David e Daniel.
Hoje, o David e o Daniel têm 4 anos, destronando qualquer dúvida sobre a sua sobrevivência pós-parto.

Antes da última viagem a Portugal a Natália veio pedir-me para trazer Dodot para o Daniel.
As Dodot são a designação para todas as fraldas descartáveis. Um hábito que existe aqui de chamarem uma série de produtos pelo nome da marca que marcou ou introduziu este ou aquele produto.

O Daniel é o bebé que esteve na incubadora e teve sempre problemas. Não anda, os pés não assentam no chão, e não fala, articula uma sílaba aqui e ali. Aqui ninguém consegue explicar o que tem, e por isso vai em breve, depois de muita luta da sua mãe, a uma consulta em Portugal.
No outro dia fiz-lhes uma visita depois de almoço. Moram longe, no Alto do Bandim, perto do Campo Sueco. O Daniel grita de contente e ri-se muito quando a mãe e o irmão chegam. Sendo gémeos, e olhando para os dois ao mesmo tempo, é flagrante que o nível de desenvolvimento do Daniel é bastante inferior ao do David. No entanto são ambos muito meigos, abraçam-se e beijam-se muitas vezes, o David fala ao irmão e pega nele. O Daniel percebe tudo o que lhe dizem e tenta responder.
Se lhe perguntamos: Kuma ki bu nomi? Responde “Dá”, a primeira sílaba do seu nome. Se lhe perguntam: Kim ki bandido? Repete a resposta: “Dá” e ri-se. Se lhe perguntam: Kantu ano ki bu ten? Estende a sua mãozinha e assinala quatro dedos.
Quando a mãe o irmão saem de casa grita de kasabi (tristeza) e tchora. E só mais tarde percebo porquê. Levei a Natália e o David ao bairro de Santa Luzia, a casa da irmã. Afinal o David não vive na mesma casa que a mãe, o pai e o irmão, e tudo porque são gémeos. Vive na casa da tia. Pergunto à Natália se também ela acredita naquilo que se diz de irmãos gémeos (é uma coisa terrível que pode acontecer numa família guineense) porque sempre me pareceu uma mulher mais moderna, menos dada a tradições difíceis de compreender nos dias de hoje, no resto do mundo, mas ela responde-me apenas: Sabes como são os africanos.

Digo um sim pouco convencido e penso que não compreendo mesmo. O David ficou com os olhos marejados de lágrimas à porta da casa da tia. Sei que a Natália é uma boa mãe, que faz tudo pelos filhos, mesmo que isso signifique mantê-los afastados para que a convivência com o resto da família e da comunidade lhes dê a todos uma certa paz.

Depois de tudo o que já passaram pensar no futuro não é fácil, mas só pode ser visto com optimismo e neste momento a esperança de que ir a Portugal possa ajudar o Daniel a desenvolver-se mais e a ter uma vida melhor é que reina nesta família.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

MAIS UMA ÉPOCA DE CHUVAS

Como (quase) manda a tradição as chuvas começaram a meio de Maio.

Na manhã de Sábado, acordei cedo, para um fim-de-semana nos Bijagós, e nem um raio de Sol, e o chão assim molhado.

Ainda não foi uma grande chuvada mas daqui para a frente esperam-se uns largos meses cheios de água.

Hoje o tempo também esteve sombrio e levantou-se há pouco um vento que parece anunciar chuva mas se for como no ano passado ela está a acumular lá em cima e cairá com toda a força sexta ou sábado.

sábado, 2 de maio de 2009

BANDIM I – PANOS

O mercado do Bandim é o maior mercado de Bissau. Dizemos, por graça, que no Bandim se vende tudo e é quase verdade.

Desde o primeiro fim-de-semana em Bissau (há mais de quatro anos) que vou ao Bandim com alguma regularidade. Há quem lá vá um só dia e jure para nunca mais.

É verdade muito do que possam ouvir, sobretudo sobre o cheiro. É, em muitos espaços, nauseabundo. Também há alguns assaltos mas felizmente, mesmo com tantas visitas (e a arriscar com a máquina fotográfica), tenho tido sorte.

Mas o Bandim é também o lugar mais africano da cidade: um mercado onde se vende de tudo e nada tem um só preço.

Sábado em Bissau significa quase sempre uma visita a este mercado.

O mais atractivo é, sem dúvida, os panos.

Acontece-me um pouco como com os cestos; vou comprando e depois logo se vê.

O das conchas foi o primeiro a ser comprado. Não havia toalha de mesa cá em casa, e sem ter procurado muito e sem ter visto outros que me agradassem mais, tornou-se na primeira toalha da mesa de refeições cá de casa.
Os dois seguintes, comprados em momentos diferentes, também se transformaram em toalhas de mesa, é a opção mais comum, mais prática.
Este, em que os motivos parecem uns peixinhos, deu as primeiras almofadas da sala.
Que agora foram substituídas neste motivo mais floral.
Ainda em almofadas, do João herdei algumas com este tecido.
Mas, como o tecido atingiu o limite da resistência, e porque os cortinados do escritório são verdes, estão a ser forradas com este tecido.
Hoje não resisti a estes, embora ainda não saiba que destino lhes dar.
E há mais panos aqui por casa, transformados em peças de roupa, que ficam para mostrar em breve.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

CAJU: A ÁRVORE, O (FALSO) FRUTO, A CASTANHA, O SUMO E O VINHO

Antes de Março começamos a vê-los assim, cada vez mais, pendurados nas árvores. Este é o cajueiro. Multiplicam-se pelos terrenos a uma velocidade quase incontrolável. Há-os na cidade e à beira de todas as estradas quando saímos da capital.
No mês de Março começamos a vê-lo das seguintes formas.

O fruto (que é afinal o pseudofruto).
É fresco e sumarento, mas sempre que experimentei parece que “encortiça” a boca, tal como os dióspiros, dos quais também não consigo gostar.
E a castanha de caju, que é afinal o verdadeiro fruto, e a esta sim, eu não resisto, e nem a maior parte das pessoas que conheço. É por isso que a exportação da castanha de caju representa muito mais de metade do PIB do país.
Tem estado entre o 5º e 8º lugar dos maiores países produtores da castanha de caju e aquele que mais a exporta em estado bruto.

Estas são as minhas principais vendedoras, em frente ao mercado central. Já sabem que quando vou a Portugal levo vários saquinhos e por isso quando se aproximam algumas férias escolares, perguntam quase todos os dias quando vou. Há algumas semanas lá foram mais uns saquinhos. Lá em casa até a avó, com 82 anos, acha a castanha de caju uma delícia.
Em Bissau, também procuro que, na época em que ele é “fresco” ou “novo”, haja sempre aqui por casa, ou a servir de aperitivo a qualquer hora, exposto nesta canoa de madeira de pau-preto;
Ou quando há lanche ou festa cá por casa, inventei desde o 1º ano, a receita da tarte de caju, que é só pegar numa receita de tarte de amêndoa e substituir esse fruto por este.

Do (pseudo) fruto faz-se ainda uma aguardente a que aqui chamam vinho de caju. E na Avenida da Granja (Estrada da Aldeia SOS) é onde se concentra a maior venda de vinho de caju. (Para mim) O cheiro é intenso e não muito agradável. Mas os guineenses apreciam esta bebida, e hoje 1º de Maio estará presente em muitas festas.

As fotos do vinho, devo-as ao Eliseu. Obrigada!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

CESTOS

Quase que podia dizer que os tenho de todas as cores e feitios. Não é bem assim. Mas já são alguns.

No meu primeiro ano em terras africanas, de uma viagem à Gâmbia trouxe este, que é o meu preferido.
Passados poucos meses a Isabel ofereceu-me este, que veio de Cap Skiring, no Senegal, e que tem servido de cesto da roupa. Dá imenso jeito.

Depois comecei a comprá-los a uma menina (que nos últimos tempos não tenho encontrado) que habitualmente vende numa das ruas do centro da cidade. Cada vez que me via dizia: leva cesto.

No princípio nem sabia o que lhes havia de fazer mas fui levando, ela ficava feliz, porque vendia, e os cestos eram tão baratos que eu achava sempre que eram uma boa compra mesmo quando achava que podiam não me servir para nada.

E afinal passaram a servir para tudo.

Este foi pregado na parede da marquise onde é estendida a roupa para secar, e guarda as molas da roupa.

Estes “começaram a saltar” para cima dos candeeiros quando os frágeis (e horrorosos) abat-jours de plástico que lá estavam se iam estragando ou ficando mais feios.

Este começou logo a servir para cesto das batatas e das cebolas. Enche-se destes legumes à segunda-feira e vai esvaziando durante a semana.
Este, tão estreitinho; não havendo ideia inicial para o que pudesse servir, rapidamente se transformou no porta-tampas de tuperwares e outras caixas de plástico.

Do Senegal, vieram ainda estes.

Um que serve para cesto do pão, vai à mesa com um guardanapo de pano africano e pão (kuduro) cortado às fatias.

Este está em cima da bancada da cozinha com as cabeças de alho.
E este tem uma doce função: a de guardar bombons. Hum!

E na última viagem o Osvaldo quis ainda este para ele. Daria um óptimo cesto de papéis debaixo da secretária mas por agora também tem servido para roupa.

Por último, não resisti a um dia comprar este pelo simbolismo. É este tipo de cesto que é usado para separar alguma casca ainda agarrada ao arúz pilado. É espalhado algum arroz no cesto e depois uma mulher faz um movimento específico, que eu sou incapaz de explicar, mas que tem como resultado que o arroz, mais pesado, fique num canto, e a casca, meia solta, mais leve, fique no canto oposto.

Como aqui em casa o arroz já se compra descascado, o cesto ora serve para ter laranjas ou mangas, ora somente para decorar a cozinha.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ANDRÉ, AS MÃOS DE UM CARREGADOR

Quando aterrei em Bissau a primeira vez, há quase quatro anos e meio, foi como se estivesse à espera que eu chegasse, como passou a estar depois durante muito tempo. O André estava à saída do aeroporto, à espera de apanhar as malas de alguém que depois carregaria até ao táxi ou a uma viatura no estacionamento.
Ele e outros meninos levaram as nossas bagagens até à carrinha e na altura os colegas de projecto que nos receberam trataram das gorjetas. No meio da confusão que era o aeroporto e a saída, na época às sextas-feiras à tarde, acho que não identificaria nenhum dos outros rapazes. Só o André.

Era deste modo, carregando malas de passageiros do então único voo semanal da TAP de Lisboa para Bissau, à frente do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, que o André conseguia alguns trocos para ajudar a família. De todas as vezes que viajei ele me via e perguntava quando voltava, não se esquecia da data e quando eu voltava lá estava ele, e eram as minhas malas que ele levava (bom ou as dos colegas quando estávamos todos juntos e as bagagens à mistura). Foi assim até ao ano passado. Depois o horário do vôo mudou.

Hoje a TAP opera três vôos por semana de Lisboa para Bissau, mas isso não fez com que o “negócio” do André se tornasse mais lucrativo. Todos os vôos são agora de noite, aterram em Bissau cerca das 2 horas da madrugada, e tal como o André a maior parte dos carregadores desapareceu, receosos da noite escura de Bissau. Não é só a questão da segurança, mas sobretudo a falta de luz e de transportes toca-toca para regressarem às suas casas de forma económica.


Agora é costume encontrá-lo à frente de um dos Supermercados Bonjour ou Bodem, numa das mais movimentadas ruas do centro da cidade.
Cada vez que apareço disputa com o Amadu, quem carrega os meus sacos das compras. Caminha o mais próximo de mim que é possível e assim que compro alguma coisa e a vendedora me estica o saco, o André apanha-o primeiro. Quando tem várias coisas pede-me a chave do jipe, dou-lha e vai todo contente meter os sacos no jipe, volta. Não me entrega a chave até eu fazer todas as compras e ele ter levado todos os sacos.

Em Novembro o André foi operado às mãos por uma equipa de médicos holandeses que estiveram no Hospital Simão Mendes. Desde que o conheci, as mãos que estende com entusiasmo para nos cumprimentar estão deformadas. Inicialmente pensei que tivesse nascido com uma malformação mas aqui há uns tempos perguntei-lhe como tinha sido. Com cerca de 5 anos, numa apanha de caju, colocou as mãos numa bacia para retirar umas chaves que lhe tinham caído, e queimou-se num qualquer liquido ácido ou corrosivo. O que sempre me impressionou foi a facilidade com que carrega tudo, malas, caixas, sacos, quando alguns dos seus dedos nem estão completos.

Não tem a mesma facilidade na escola, diz que devido à sua dificuldade para escrever. Tem 20 anos e frequenta a 6ª classe mas é evidentemente inteligente. Para ele o mais importante é pagar a escola e ajudar a família, o pai já faleceu, e além dele e da mãe existem mais 6 irmãos.

Quando lhe tirei a foto ainda andava com ligaduras. Disse-lhe que ia escrever sobre ele e que ia colocar na internet. Disse que me queria oferecer coconetes. E no sábado seguinte veio ao Bairro trazer estes 4 côcos. Disse que era um para mim, e um para cada um dos meus colegas (a quem ele também faz questão de levar as compras).
Tem no seu quintal côcos e mandiocas e oferece-os aos amigos. Diz que não vende porque aos amigos as coisas não se vendem, oferecem-se. Muito raramente também pede que lhe ofereçamos algo que o ajude, por exemplo a pagar as propinas da escola (3€/mês). Mas a sua generosidade é largamente mais vasta do que a dos amigos e por isso é impossível recusar-lhe algum pedido que é feito de muito tempo a tempo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

QUADROS

Um dia será dia de partir. E em Junho do ano passado quando repentinamente fui confrontada que isso pudesse ser dali a 3 meses, e que só me restava mais uma viagem a Portugal para além da última, tomei consciência do que tinha acumulado em 4 anos e de que muita coisa não queria deixar para trás.

Não levarei a não ser no coração o que a esta terra pertence. Mas muitos objectos que me fizeram sentir em casa partirão, aos pouco, comigo.

Em Dezembro levei estes 2 quadros para casa. Representam tabancas da Guiné com motivos do dia-a-dia, pekaduris nas suas tarefas, mininu que brinca, omi que pesca, mindjer que acarta lenha ou pila o arúz.
Regressada do Natal achei que as paredes nuas me faziam sentir menos em casa, e agora pergunto-me se levo já estes 3 ou se é melhor esperar mais algum tempo, não vá, depois de regressar da Páscoa, comprar mais 4.

tabanca - aldeia
pekaduris - pessoas
mininu - menino
omi - homem
mindjer - mulher
arúz- arroz